A ascensão da liderança feminina é uma das mudanças positivas que vivemos neste século 21. Entretanto, apesar desse avanço e de vermos recorrentes reportagens e comentários sobre o assunto nas redes sociais, imprensa e mídia, é verdade que a liderança feminina nos conselhos e administração de grandes empresas ou na política ainda é a minoria. 

O dia das mulheres, comemorado no dia 8 de março, traz à tona essas questões, que, mais do que presenteá-las com flores, é preciso colocar em evidência a importância da equidade de gênero para que haja ainda mais conquistas femininas.

Nesse sentido, muito já foi feito nos últimos anos, mas ainda há um longo trabalho pela frente. Segundo estudo da Bain & Company, realizado em parceria com o LinkedIn, no Brasil, apenas 3% de mulheres ocupam cargos de liderança nas empresas.

Além disso, ainda existe muito viés de gênero, ou seja, opiniões sobre pessoas enviesadas pelo gênero delas. Um estudo de caso realizado pela Harvard Business School sobre uma mulher chamada Heidi Roizen analisou a visão de uma classe de alunos sobre uma empresária da vida real.

Os alunos foram divididos em dois grupos e ambos receberam um texto idêntico, exceto pela mudança de nome. Um grupo leu sobre uma empresária chamada Heidi e o outro leu sobre um empresário chamado Howard. Posteriormente, foram questionados sobre como se sentiam em relação à personalidade do personagem. 

Como resultado, os dois grupos achavam que Heidi e Howard eram igualmente competentes, mas Howard foi considerado uma pessoa mais agradável, enquanto Heidi foi considerada egoísta e uma pessoa que não gostaria de contratar ou trabalhar. Ou seja, as mesmas atitudes são vistas de forma negativa quando praticadas por mulheres e positivas quando praticadas por homens.

As vantagens e importância das mulheres na liderança

A liderança feminina é caracterizada, entre outros atributos, pela eficiência na formação de equipes de trabalho e pela capacidade de tomar decisões em tempos de crise. 

A maioria das líderes mulheres oferecem um tratamento mais pessoal, apresentam características mais sociáveis ​​e com maior ênfase na necessidade de cooperação e trabalho em grupo. Isto é favorável para que o trabalho se desenvolva de forma mais natural, que lhes permite alcançar um maior compromisso da equipe com a sua líder e potencializa a organização do trabalho conjunto. 

As mulheres na liderança também destacam-se pela, em geral, maior capacidade de agir e tomar decisões sobre diversos temas ao mesmo tempo, característica que as tornam líderes atentas, comprometidas e dedicadas em cada área de atuação. 

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Além disso, a liderança feminina responde a um estilo mais persuasivo, graças a uma maior comunicação interpessoal e à busca de consensos de forma mais colaborativa, aberta e inclusiva. Buscar maior eficiência por meio da cooperação, do trabalho em equipe e buscando considerar diferentes pontos de vista, compartilhando informações e estreitando laços, premiando as conquistas do esforço coletivo e reconhecendo o trabalho da equipe.

Por esses motivos, empresas com mulheres na liderança tendem a lucrar mais. De acordo com o McKinsey Study, essas empresas veem um resultado operacional 48% maior e uma força de crescimento no faturamento 70% maior, quando comparado com a média da indústria. Além disso, segundo dados da OIT, as organizações que monitoram o impacto da diversidade de gênero na liderança reportam crescimento de 5% a 20% nos lucros.

Liderança feminina em ascensão

A emocionalidade, a proximidade e habilidade de ouvir, características de líderes femininas, há muito são vistas como uma fraqueza. Mas, diante dos desafios que este século apresenta, como a emergência climática, a desigualdade, os conflitos religiosos, entre outros, esses atributos ganham força.

Como vimos, diante da profunda crise (sanitária, econômica e social) causada pelo Covid-19, os países que são exemplo de boa gestão são liderados por mulheres, como a Nova Zelândia com Jacinda Ardern e Angela Merkel na Alemanha, por exemplo. Mulheres que mostraram que a combinação entre gestão eficiente e boa comunicação não só rendeu bons resultados, mas também aumentou seus níveis de confiança e aprovação.

Apesar disso, é importante ter em mente que o fato de haver mulheres no comando de um país, infelizmente, ainda está longe do ideal. Menos de 10% dos países da ONU são liderados por mulheres.

Entretanto, a liderança feminina está em ascensão no mundo corporativo. Na lista da Fortune 500, com as 500 maiores empresas do mundo, o número de mulheres CEO atingiu um recorde de 41 mulheres. Apesar desse aumento gradativo, somente 8% das empresas listadas na Fortune 500 são lideradas por mulheres ainda.

Exemplos de lideranças femininas

Kamala Harris

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Kamala Harris é mais um importante exemplo de liderança política feminina. Eleita vice-presidente de Joe Biden nas eleições americanas de 2020, contra Donald Trump, é a primeira mulher a ocupar o cargo nos Estados Unidos. 

De origem indiana e afro-americana, Harris é advogada graduada pela Faculdade de Direito Hastings da Universidade da Califórnia. Foi senadora dos Estados Unidos pelo estado da Califórnia de 2017 a 2021, e procuradora-geral da Califórnia de 2011 a 2017.

Whitney Wolfe Herd

Whitney Wolfe Herd é uma empresária norte-americana, fundadora e CEO do Bumble, um “aplicativo de namoro feminista” onde somente as mulheres iniciam uma conversa. Antes de fundar o Bumble, Wolfe Herd foi vice-presidente de marketing do Tinder.

Em 2018, apareceu na lista das 100 pessoas mais influentes do ano pela Time. Wolfe Herd tornou-se a mais jovem bilionária do mundo depois de tornar o Bumble público, em 2021. Ela também se tornou a mulher mais jovem a abrir o capital de uma empresa, aos 31 anos.

Luiza Helena Trajano

Luiza Helena Trajano, sem dúvidas, é um dos maiores exemplos de mulher empoderada e liderança feminina do Brasil. Formada em Direito pela Faculdade de Direito de Franca, Trajano liderou a rede de lojas de varejo Magazine Luiza e transformou em um dos maiores e-commerces do Brasil. 

Em 2020, a Forbes estimou sua fortuna em US$4,9 bilhões. Além disso, Trajano destaca-se por seus projetos de inclusão social e de empreendedorismo e empoderamento feminino, como o Grupo Mulheres do Brasil.

Conclusão

Os melhores líderes são aqueles que sabem tirar o melhor de cada um dos membros de sua equipe e as competências femininas, genéticas ou educacionais, como empatia, escuta ativa, perseverança, organização, capacidade de multitarefa, sensibilidade para ser boas mediadoras e conselheiras, fazem delas grandes líderes.

A liderança exercida por uma mulher é diferente da masculina, pois elas possuem outras características e são outros impulsos que as movem. Portanto, para uma empresa, o mais benéfico é a equidade de gênero, tendo líderes de ambos os sexos que combinam energias e ideias, e trabalham lado a lado.