A definição de procrastinar no dicionário é: transferir para outro dia ou deixar para depois; adiar, delongar, postergar, protrair. Em resumo, é o conhecido “Amanhã eu faço”.
Certamente você já deixou para fazer no dia seguinte alguma tarefa que poderia ter sido feita no dia, não é mesmo? Isso não é algo necessariamente ruim que possa ser definido como procrastinação. O problema é quando o ato de adiar as tarefas se torna um hábito e começa a atrapalhar sua produtividade no trabalho, vida pessoal e até mesmo sua saúde.
Sim! O ato de procrastinar pode causar estresse, ansiedade e mal-estar, pois ninguém é procrastinador porque quer. E, inclusive, há indícios de que procrastinação e impulsividade estão ligados às influências genéticas, segundo estudo feito na Universidade do Colorado. Além disso, pesquisas mostram que 20% dos adultos são procrastinadores crônicos.
Geralmente nosso cérebro tende a perder o foco ao realizar tarefas que não nos traz benefícios imediatos. A natureza da tarefa contribui para a procrastinação, ou seja, dificilmente (mas nem sempre) vamos deixar para depois atividades prazerosas.
Outros fatores que levam à procrastinação são: cansaço, estresse, a falta de motivação (quanto mais motivado, menos tende a procrastinar), falta de clareza (quanto mais clareza e entendimento sobre determinado assunto, mais fácil será de realizar a tarefa) e o medo de errar.
“Você sabe o que deve fazer e não é capaz de fazê-lo. É essa lacuna entre intenção e ação.” resumiu Timothy Pychyl, psicólogo e diretor do Centro de Pesquisa sobre Procrastinação da Universidade de Carleton, no Canadá.
Por dentro da mente de um mestre na procrastinação
Em sua palestra no TED Talks, Tim Urban, escritor e blogueiro, descreve de forma bem humorada sua visão sobre procrastinação.
Urban se reconhece como um procrastinador e conta suas histórias divertidas usando desenhos para exemplificar o que se passa na mente de um procrastinador crônico. O Macaco da Gratificação Instantânea, o qual lhes faz perder o foco, e o Monstro do Pânico que desperta quando os prazos estão se esgotando.
A questão é que existe dois tipos de situações que procrastinamos: com prazo e sem prazo. Você pode deixar para a última hora aquelas tarefas com prazos determinados, como um projeto para o trabalho ou para faculdade, e realizar razoavelmente.
Porém, aquelas que não tem prazo, como os sonhos ou cuidar da saúde, e não tem o que te faça acordar, os efeitos da procrastinação não são contidos. Para Tim Urban, essa procrastinação de longo prazo gera sofrimento e frustração.
Procrastinação estruturada
John Perry, professor de filosofia de Stanford, publicou em 1996 o ensaio “Procrastinação estruturada”. Posteriormente, escreveu um livro desenvolvendo esse conceito.
Em “A arte da procrastinação: Como realizar tarefas deixando-as para depois” explica que a procrastinação estruturada é a arte de fazer esse traço negativo trabalhar por você. Convertendo procrastinadores em seres humanos eficientes, respeitados e admirados por tudo que realizam.
A ideia central é que o ato de procrastinar não significa que a pessoa não vai fazer absolutamente nada. Os procrastinadores raramente não fazem absolutamente nada, eles fazem outras atividades menos importantes e adiam aquelas que precisam fazer.
Segundo John, os procrastinadores evitam tudo o que está no topo da lista, por isso sugere criar uma lista de tarefas diárias e preencher com aquelas mais difíceis no topo e outras igualmente importantes, mas menos assustadoras. Além de outras atividades que cumpriria de qualquer forma, como ir ao banheiro e tomar café.
Isso permite fazer uma marca nas tarefas realizadas e aumenta o sentimento de realização e de motivação para concluir tudo o que precisa.
Procrastinação e perfeccionismo
O professor faz ainda um paralelo entre o perfeccionismo e a procrastinação. Ele chegou a conclusão que um leva ao outro. Entretanto, muitos procrastinadores não percebem que são perfeccionistas pois, na maioria das vezes, por medo da rejeição, nem chegam a tirar do papel seus projetos e sonhos.
Procrastinar é um hábito e pode ser substituído por outros costumes. Comece aos poucos, fracione as tarefas chatas, reflita qual é o seu ponto de motivação, torne as atividades mais prazerosas e anote seu progresso mesmo que pequeno.